quinta-feira, 15 de julho de 2010

FLORESTA DE SONHO


Em uma carta a Armando Cortes-Rodrigues, datada de 19 de novembro de 1914, o jovem Fernando Pessoa escreve: “O meu estado de espírito obriga-me agora a trabalhar bastante, sem querer, no Livro do Desassossego. Mas tudo fragmentos, fragmentos, fragmentos”. Um mês antes, ele escrevia ao mesmo amigo sobre “uma depressão profunda e calma” que o induzia a escrever “pequenas coisas” e “quebrados e desconexos pedaços do Livro do Desassossego”. Contudo, é possível dizer que o Livro nasceu em 1913 com a publicação de Na Floresta do Alheamento, considerada a primeira prosa criativa de Pessoa. Imersa numa atmosfera onírica caracterizada por paradoxos, contradições, longos períodos e vocabulário não muito usual, a prosa parece tentar descrever o indescritível.

Poema dramático ou prosa poética, o fato é que este é um texto notadamente poético. Através dele, Fernando Pessoa, por meio de Bernardo Soares, descreve memórias que podem ser de outros ou dele próprio. Reflexões a respeito do vivido que, talvez, tenha sido apenas uma hipótese.



Alex Maciel.

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