sexta-feira, 21 de maio de 2010

EM BREVE ALHEAMENTO NO CAMBIO CULTURAL

Fiquem atentos!
Em breve, entrevista exclusiva no programa Cambio Cultural, com Rodrigo Domingos, no canal 20 da NET.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

ENSaIOS





Os atores Alex MacielSamira Sinara com a assistente de direção Daiane Dortete Steckert.

SENSAÇÕES E A RAZÃO EM NA FLORESTA DO ALHEAMENTO



(...) Assim, o drama Na Floresta do Alheamento desvela, em seu monólogo introspectivo, em que o interlocutor parece ser o próprio pensamento, as perspectivas e as hipóteses da alma revestidas em versos e sentimentos, deixando transparecer a intenção básica do processo poético de Fernando Pessoa, que é consumar a alquimia do verbo ou, ainda, transubstanciar, intuída pelas sensações, a palavra, a verdade do real.

O texto é, então, um monólogo, que não sabemos se é instituído por voz ou pensamento.
Um turbilhão de versos apresenta as meditações, as indagações, ao mesmo tempo em que descrevem o ambiente da floresta  o fomento das reflexões. O eu-lírico, em um dado momento da trama, anuncia uma suposta personagem. Tal personagem é uma ilusão de pessoa humana, fortalecendo o processo de simbiose que, a todo instante, se instaura.

Por ser um monólogo, não constatamos a presença de entradas especificando ações, ambiente ou outro elemento característico da teatrografia, ou até mesmo a definição de personagem.
Esta pode, por suas reflexões, indagações e afirmações, configurar-se dentro de qualquer aspecto, por estar destituída de forma que a defina. Não se consegue, assim, caracterizar a personagem em sua forma física, contudo não representa de maneira alguma o coletivo. Caracteriza-se, sim, o indivíduo, por sua extrema subjetividade.

Um dado instigante em Na Floresta do Alheamento é haver na estrutura do texto a predominância de verbos no pretérito imperfeito e infinitivo, o que acentua ainda mais a idéia de que nada é perfeito, acabado, tudo parece um vir-a-ser, na medida em que são as sensações que regem a trama.


(...)



Artigo publicado por Jussara Bittencourt de Sá,
Professora do Curso de Letras e membro do Grupo de Pesquisa em Estética e Semiótica do Curso de Mestrado em Ciências da Linguagem da Universidade do Sul de Santa Catarina. Doutoranda em Teoria Literária na Universidade Federal de Santa Catarina.


link para o artigo completo:

http://www3.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/0302/7%20art%205%20P.pdf

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terça-feira, 18 de maio de 2010

Corpos-Manequins


   





Materiais produzidos e montados por Soares.

Sobre a forma escrita da palavra "ALHEAMENTO",
é possivel se construir apenas com linhas horizontais, verticais e diagonais. Essas linhas só se encontram uma vez, na intersecção de seus eixos X e Y, no plano cartesiano. Penso que todos os movimentos das cenas seguem esse pensamento, próximo também dos exercícios de Viewpoints e a "grade cartesiana" que ele oferece para criação da partitura de movimentos dos atores. O alheamento ocorre pelo fato dessas linhas se encontrarem apenas em um determinado ponto, e continuarem a percorrer seu caminho solitárias e independentes uma das outras. Alheias a qualquer outra forma de contato.



Raphael Vianna.


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domingo, 16 de maio de 2010

ISTO NÃO É UMA PEÇA

*Isto não é um cachimbo.

     " 'Fernando Pessoa não existe, propriamente falando.' Quem nos disse foi Álvaro de Campos, um dos personagens inventados por Pessoa para lhe poupar o esforço e o incômodo de viver. E para lhe poupar o esforço de organizar e publicar o que há de mais rico na sua prosa, Pessoa inventou o Livro do Desassossego, que nunca existiu, propriamente falando, e que nunca poderá existir. O que temos aqui não é um livro mas a sua subversão e negação, o livro em potência, o livro em plena ruína, o livro-sonho, o livro-desespero, o antilivro, além de qualquer literatura. O que temos nestas páginas é o gênio de Pessoa no seu auge."

Quem diz isto é Richard Zenith, organizador do Livro do Desassossego, logo no início da introdução do livro. Faço a relação entre o "cachimbo que não é cachimbo" de Margritte e o conceito de Zenith a respeito do "livro não-livro" de Pessoa porque estas idéias também aparecem no processo de montagem do espetáculo. Questões a respeito do próprio ato de representar surgem e você se depara com um processo novo de construção. Durante o processo de criação, experimentação, pesquisa e investigação do espetáculo, a cena nos aparece como um presente contínuo, estendido, intercedidos pelas sensações que emergem da comunhão dos elementos do espetáculo, dando a idéia de um ciclo que não se acaba, sem início, nem meio, nem fim. Uma paisagem que se observa. Uma "não-peça".


 Alex Maciel.